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"É necessário saber perder tempo para comprometer-se nas lutas dos povos periféricos e das classes oprimidas. É necessário saber perder tempo em ouvir a voz de tal povo: suas propostas, interpelações, instituições, poetas, acontecimentos... É necessário saber perder tempo, no curto tempo da vida, em descartar os temas secundários, os da moda, superficiais, desnecessários, os que nada têm a ver com a libertação dos oprimidos." - Enrique Dussel

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

REFLEXÕES COTIDIANAS SOBRE O MACHISMO DE CADA DIA

Por Daya Maya Martins Alvim*

Desde que nascemos, somos incitados a reproduzir pensamentos e frases machistas. A mulher e o homem tem seu papel pré definido na sociedade. A mulher não pode, de forma alguma, ultrapassar o limite do bom senso. Dar os primeiros passos na relação? Jamais. Ter liberdade sexual? Piorou. Se mostrar independente e livre? Até que pode, mas tem que saber que "o povo vai falar".

No meu grupo de amigos -creio que no grupo de qualquer outra pessoa- ouvimos, diversas vezes, mulheres insultando as outras por conta da sua liberdade sexual. Termos como "vadia" e "Biscate" são um dos exemplos mais usados para se referir a uma mulher que usa seu corpo como bem entende, seja no modo de vestir, no modo de falar ou até no modo de agir.

Se você é mulher e fala assim das outras, reflita um pouco. Chamar nossas semelhantes de vadias, é dar margem para que os homens nos chamem assim também.

Todos nós já fomos machistas um dia, e, muitas vezes somos sem ao menos perceber. Toda mulher tem o direito de ser quem é, sem ser julgada e condenada por isso.

 Querer liberdade é, acima de tudo, querer livre o próximo.


*Daya Maya é estudante universitária do Curso de Direito na Universidade Metodista de Piracicaba

domingo, 8 de setembro de 2013

PASTORAL DO DIA 08/09/2013 - BOLETIM "O MENSAGEIRO" - CATEDRAL METODISTA DE PIRACICABA

TESOUROS EM VASOS DE BARRO
“Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (II Cor. 4:7)

            Em nossa realidade social é comum a valorização da eficiência, da produção, da rapidez, das relações mediadas (e imediatas), do “fast food”... Nesta dinâmica “empreendedorista” do tempo cotidiano, somos inevitavelmente levados a entender o conceito de excelência a partir de nossas habilidades, da polivalência das funções que podemos desenvolver – em outras palavras: nosso valor é medido pelo que temos a oferecer à sociedade, e não pelo que somos.

            O versículo extraído da segunda carta de Paulo aos Corintos nos desafia a entendermos a excelência (podemos substituir pela palavra “sucesso”) sob outra perspectiva: a do agir misericordioso de Deus em nós, e o mais importante, apesar de nós. Como templo e morada do Espírito Santo, apesar de sermos fracos e falhos em nossas ações e intenções, possuímos o tesouro inefável do poder de Deus que age em nós e posteriormente por nós, nos capacitando para toda boa obra.

            O termo “excelência” presente no versículo, no original grego é “huperbole”, que significa “lançar algo além”. Aqui, excelência não tem a ver com a fraqueza do vaso de barro, que somos nós, mas com a magnitude do tesouro em nós, que é o conhecimento de Deus na pessoa de Cristo pelo poder do Espírito Santo. É Deus quem nos lança além, nos impulsiona em direção à vida abundante, nos lança para além dos desafios da vida cotidiana, dos problemas que se nos apresentam no viver diário, nos lança para além de nossas limitações, de nós mesmos e consequentemente em direção ao outro, ao próximo... Romper em fé, como diz um antigo cântico, é a perspectiva cristã para o sucesso, não nessa lógica consumista e mercadológica do fim, mas como meio para a promoção da vida e da dignidade humana.

            Portanto irmãos, que sejamos desafiados a romper com nossas frustrações por não nos adequarmos, por vezes, a essa dinâmica que tenta nos valorar apenas pelo que temos, mas, cingidos pelo poder de Deus em nós, que vivamos a realidade do impulsionar divino em todos os momentos e áreas de nossa vida, e cuidarmos para não relegarmos a nossa dedicação a Deus aos fins de semana; vasos de barro sim, mas brilhando o resplendor do tesouro de Cristo em nós... Assim:

Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos” (II Cor. 4: 8-10).