Vivemos um
momento emblemático no Brasil, no que tange o cenário político e econômico em
relação à política partidária que, historicamente, estabelece-se como forma
unívoca de se pensar politicamente essas questões em nosso país. Deixando de
lado os conceitos e termos complexos, quero pontualmente estabelecer uma
reflexão sobre as manifestações de amanhã, dia 16/08, evocada por seus
idealizadores como “marcha contra a corrupção” e vulgarmente estabelecida como “Fora
Dilma” pelos menos propensos à criticidade conjuntural.
Eu entendo a
revolta de uma parcela da população em relação aos escândalos de corrupção,
graves cortes orçamentários e ataques diretos aos direitos historicamente conquistados
com muita luta pelos trabalhadores, que vêm sendo empreendidos sob o governo do
PT; entendo que tal parcela da população, embasada em uma visão perspectivada,
alienante e unilateral dos “fatos” estabeleça sua opinião política baseada no
ódio das classes dominantes pela bem-sucedida política de redistribuição de
renda efetuada e implementada pelo governo do PT, ódio esse disseminado pelos
principais meios de comunicação, cujo interesse se alinha apenas com seus
próprios investidores, esses mesmos da classe social dominante acima referida.
Embora eu tenha o maior respeito, solidariedade na luta e empenho irmanado aos
companheiros militantes do PT, não posso deixar de fazer duras críticas à sua
forma de governo que tem traído os trabalhadores, estabelecido uma agenda de
ações governamentais que beneficiam o capital, sangrado a classe trabalhadora
para garantir o lucro dos banqueiros e demonstrado incapacidade política para
lidar com os ataques da burguesia, respondendo com alinhamento de interesses
aos mesmos para garantir o mínimo de governabilidade; o PT deixou de
representar o povo trabalhador que o elegeu, não tem demonstrado firmeza e tem
respondido com arrocho fiscal, corte de verbas públicas e ataques descarados
aos direitos do trabalhador, fazendo o povo pagar pela crise financeira
resultante das explorações de mais-valia dos detentores dos meios de produção,
bem como toda a elite burguesa de nosso país. Com todo o respeito aos meus
colegas, sinto em dizer que o PT não me representa!
Entretanto,
deixo claro que jamais poderíamos considerar o retrocesso de deixar a elite
carniceira do PSDB assumir o governo, muito menos seus lacaios do PMDB; sem
cometer o suicídio intelectual de polarizar a questão política entre PT e PSDB,
porém considerando ser o PSDB o principal fomentador desses protestos de “Fora
Dilma”, quero considerar que:
1) A
mídia defende os interesses da classe dominante, seus mantenedores e clientes,
e essa mesma elite burguesa mantém financeiramente os partidos de direita
(mesmo os partidos que se dizem “socialistas” no nome, mas possuem plano
político e de governo alinhado aos interesses dos capitalistas); Assim, não se
trata de o PT ser o “rei dos escândalos de corrupção”, mas sim de “coar o
mosquito do PT e deixar passar o camelo do PSBD”; em outras palavras, no
governo estadual PSDBista de São Paulo, existem escândalos de corrupção que
tornariam os escândalos envolvendo o PT irrisórios, como o Trensalão Tucano por
exemplo, que não aparece na mídia, que foca exclusivamente no PT como
espantalho da esquerda.
2) Não
se trata de passar a mão na cabeça do PT, mas de coerência. Precisamos
desconstruir a ideia de que o ato dos coxinhas protesto de amanhã é contra
a corrupção, uma vez que é idealizado por um partido que, comprovadamente, é
recordista em escândalos de corrupção.
3) O
PT não inventou a corrupção. PONTO! Entendam isso! E parem de acreditar que o
país era um mundo encantado da Disney antes do PT, porque você só pensa esses
absurdos porque certamente estudou em uma escola pública que tem heranças de
uma formação acrítica do currículo pedagógico da ditadura militar.
4) Com
todo respeito, vc pode ter suas convicções políticas e ser respeitado por isso,
mas não seja um idiota útil; vc não grita “fora Dilma!” sem gritar
inconscientemente “fora democracia!”; vc não grita “fora PT” sem gritar também “sim”
ao retrocesso, à política dos patrões e banqueiros, às privatizações,
extermínio de marginalizados, pobres e negros, à política do Estado Mínimo, ao
Capital, enfim, ao governo dos opressores, mesmo se achando apartidário, mesmo
dizendo não defender partidos, mas na prática vc está sendo, com perdão do
termo e sem querer te ofender, um “idiota útil”.
5) Eu
votei na Dilma (contra o Aécio), e ela se reelegeu DEMOCRATIMENTE. RESPEITE MEU
VOTO, impitimá meuzovo!
6) Não
se trata de lutar por país melhor, mas de ser instrumentalizado pela elite para
fazer o jogo sujo dela, caia fora disso! Na atual conjuntura e cenário
econômico e político do Brasil, esse protesto é defender GOLPE! Sim, essa
tática da direita é golpismo sim!
7) O
PSDB foi para as eleições com um “plano A” e um “plano B”: plano A – ganhar as
eleições; plano B – se perder, não deixar o PT governar... é o que ele tem
feito.
8) Ao
levantar suas mãos no protesto, vc se irmana a um governo que pesa sua mão
forte contra os professores de São Paulo; quebra os cofres de SP, corta verbas
da educação, privatiza presídios para fazer disso um mercado, bota água de
fezes na sua torneira e te faz culpar a Dilma por tudo isso.
Enfim, poderia dizer muito mais, mas concluo por aqui manifestando meu
repúdio a essa política golpista da direita, fazendo a cabeça do povo
trabalhador que foi educado a não ser crítico, nas escolas do governo do PSDB.
Sim, sou contra essas manifestações antidemocráticas, não vou dia 16/08 e
gostaria que vc refletisse muito bem sobre isso também. Preservo meu total
respeito por vc, independente de seu posicionamento, e seu total direito de
discordar de mim; todavia, deixo claro que se vc quiser comentar essa
publicação, talvez não tenha tempo para responde-lo, pois sou professor e estou
trabalhando 14 horas por dia, 6 dias por semana para não morrer de fome
decorrente do que Alckimin fez à nossa classe, a ponto de necessitarmos deixar
o giz na lousa e lutar numa greve histórica de 92 dias de resistência e
protagonismo heroico dos professores!