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"É necessário saber perder tempo para comprometer-se nas lutas dos povos periféricos e das classes oprimidas. É necessário saber perder tempo em ouvir a voz de tal povo: suas propostas, interpelações, instituições, poetas, acontecimentos... É necessário saber perder tempo, no curto tempo da vida, em descartar os temas secundários, os da moda, superficiais, desnecessários, os que nada têm a ver com a libertação dos oprimidos." - Enrique Dussel

sábado, 27 de dezembro de 2014

SONETO A QUATRO MÃOS

Por Vinícuis de Moraes & Paulo Mendes Campos


Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.


Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.


Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.


Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.


Extraído do livro "Vinícius de Moraes - Poesia completa e Prosa", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1998, pág. 516.
In: http://www.releituras.com/viniciusm_soneto.asp acesso em 27/12/2014


segunda-feira, 9 de junho de 2014

"AMAR É..." [5]

"Amar é experenciar a desnecessidade dos porquês, não a ausência de motivos..."


"AMAR É..." [4]

"Amar é assumir o afeto em sua profundidade a despeito de sua pretensa grandeza; por isso, a diferença entre o amor e a paixão é que o amor busca demonstrar-se na humildade de quem se curva para alcançar a profundidade do outro em si, ao passo que a paixão busca aparecer ao outro (e a despeito do outro) no ato de impor-se sobre o sentimento do outro-objeto..."


"AMAR É..." [3]

"Amar é esvair-se em outridade, para resgatar no outro a existência e a essência de um "eu" negado ..."

"AMAR É..." [2]

"Amar é viver no outro e morrer no 'eu'..."


"AMAR É..." [1]

"Amar é partilhar a existência, no exercício de oferecer a vida em serviço..."


domingo, 16 de março de 2014

PAI NOSSO REVOLUCIONÁRIO


Pai Nosso Revolucionário
Pai nosso dos pobres marginalizados,
Pai nosso dos mártires, dos torturados!
Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida,
Teu nome é glorificado quando a justiça é nossa medida.
Teu Reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão.
Maldita toda a violência que devora vida pela repressão.
Queremos fazer tua vontade. És o verdadeiro Deus Libertador.
Não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor.
Pedimo-te o Pão da Vida, o Pão da segurança, o Pão das multidões.
O Pão que traz humanidade, que constrói homens em vez de canhões.
Perdoa-nos quando, por medo, ficamos calados diante da morte!
Perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte.
Protege-nos da crueldade, dos latifundiários, dos prevalecidos.
Pai nosso Revolucionário, camarada dos pobres, Deus dos oprimidos.

(ignoro o autor)

sexta-feira, 14 de março de 2014

TABULA RASA

Por Almir Fabiano Nicolau de Moraes


Uma página em branco nunca é uma página em branco,
é um Universo em potência...
Uma supernova explode cada vez que toco a caneta no papel,
e da violência de minhas letras na nudez de uma folha virgem
surge a existência de um ser que se põe...

Não escrevo segredos, sigilos ou confidências,
(des)faço emergir beleza do Caos que me constitui.
Rompo na concretude da escrita a abstração
de minhas leituras passivas, massivas, nocivas...
como a estrela rompe a escuridão a partir da luz de seu "caos ordenado".

Uma página em branco é apenas uma página em branco,
que transpira sensualidade, instigando-nos a penetrá-la com a virilidade de nossas letras fálicas.
Palavras onívoras colhidas de uma selva hostil dos sentidos,
mesmo não conhecendo nossos desejos, temores e prazeres...
Seduz-nos, insinuando-se a nós sem pudor algum!




quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

AMO-TE

Por Almir Fabiano Nicolau de Moraes

Amo-te no silêncio.
Amo-te nos ecos que a música de teu corpo repercute em minh’alma desnuda
Amo-te no silêncio, porque tua beleza ensurdece os barulhos de meu coração agitado
Amo-te nos ocos ecos de meus (tra)avessos (re)versos retinentes, reticentes...

Quando meus olhos choravam a dor,
não puderam perceber que eras a razão
Do levantar das minhas mãos
a enxugá-los... e assim, desesperados, retornarem a vê-la, colírio e bálsamo!

Amiga! Roubaste-me o coração num duro golpe de “ser quem és”
Perdido estava de mim, procurando-me em outra, sem perceber que encontrava-me em ti
És a confluência de mim, onde minha Piracema segue rompendo para desaguar em teus olhos... e descansar em teus lábios!

Amo-te, não na ausência dos motivos, mas na desnecessidade dos porquês!
Linda, simplesmente aconteceste-me...
E não sei se quero me achar em ti, ou perder-me simplesmente nos labirintos que provocas em mim.
Entrementes, que os fios de Ariadne levem-me direto ao teu coração, onde posso me aconchegar sendo quem sou...

Amo-te, e não posso negar!
Amo-te, e não quero escusar!
Amo-te na beleza do ouvir, não na sutileza do falar
Amo-te no silêncio (e sabes!), como no silêncio desabrocha a flor

Porque a flor não demanda pretextos, simplesmente “acontece”... e desabrochas no  jardim do meu amar.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

FELIZ, ANO NOVO!

Por Almir Fabiano Nicolau de Moraes

FELIZ, ANO NOVO!


Não, essa vírgula não está inadequada nessa oração, foi intencionalmente colocada aí, para fazer-te refletir um pouco sobre a maneira como encaramos as coisas...

Ainda adolescente, porém já preocupado em tentar esforçar-me ao máximo para crescer "em estatura, graça e sabedoria" (Lc 2:52), li certa vez que toda mudança só é mudança quando se muda alguma coisa; essa aparente redundância apresenta uma profundidade de entendimento prático da vida, e que merece uma adequada reflexão, para dela tirarmos conceitos - subversões - sub-versões (versões singulares da realidade dada), que, embora tenha há muito tempo ouvido, somente no finalzinho do ano de 2013 pude experenciá-la na concretude de meus arranjos existenciais.

"TODA MUDANÇA, SÓ É MUDANÇA QUANDO SE MUDA ALGUMA COISA"! Nós representamos, dentro de um entendimento temporal linear, uma certa ruptura nesta fatia que determinamos por "ano", ou seja, o tempo segue, porém acreditamos que neste determinado momento que rompe o 31 de dezembro para surgir o 01 de janeiro, coisas mudarão, novas metas serão atingidas, enfim, tudo será diferente, muita coisa MUDARÁ. Mas as COISAS não mudam, porque são COISAS, o que muda são PESSOAS! Prestem atenção no mo(vi)mento de (re)flexão que estou desenvolvendo: Para que as "coisas" mudem neste ano de 2014, é necessário que VOCÊ mude! O ano não muda, as circunstâncias, em si mesmas, não mudam (ainda que diferenciem-se), os projetos não saem do abstrato sozinho, o experenciável não se efetua concretamente por puro movimento de ideias, de planos, de propostas... Para que haja a mudança, faz-se necessário que definitivamente se mude algo, do contrário, tudo permanece em seu "status quo".... PARA SE BEBER O LEITE, DEVE-SE ORDENHAR A VACA!

Neste ano que passou, sofri muito... chorei muito, decepcionei-me com pessoas, senti-me, por diversas vezes, um inútil e o pior de todos os seres humanos... mas as risadas foram exponencialmente maiores, e na dor percebi quantos amigos verdadeiros eu tenho, vivi a benção de ter nascido na melhor família do mundo, e de congregar a minha fé na melhor família espiritual do mundo, que é a minha amada igreja, onde compartilho vivências na caminhada da fé, descobri e conheci pessoas maravilhosas que literalmente mudaram minha vida, e aprendi, aprendi, aprendendo... !
Entendi que, embora as circunstâncias nos influenciem, ela não nos determina! E que mesmo no labor de ser lapidado, podemos desfrutar do prazer estético de oferecer a nossa própria vida como obra de arte!

Assim, queridos, coisa fácil é desejar um FELIZ ANO NOVO! Porque colocamos no tempo, na virada, no signo, um poder de mudança em nossa vida, como um posicionamento passivo, como se o ano novo fosse nos trazer felicidade... Péssima notícia: A FELICIDADE NÃO EXISTE! Boa notícia: exatamente porque ela não existe, PODEMOS CONSTRUÍ-LA, criá-la! Ou seja, ao invés de enfatizarmos um ano novo que nos traga uma suposta felicidade de "fast food", adquirida, consumida, que aprendamos a construir a felicidade, no caminho do viver... no caminho do viver solidário, do viver piedoso e misericordioso, do viver comunitário, do viver O Caminho, nos caminhos partilhados de existências que se cruzam com as nossas! Ao invés de desejar que um "novo" ano te faça feliz, te desejo que, independente das circunstâncias, você DECIDA construir a felicidade neste ano que se inicia; só assim, ele poderá ser chamado de ano NOVO! Essa é uma postura ativa diante da vida, diante de si... Não espere de um signo, uma construção cultural, um poder de mudar as coisas... Desafie-se a mudar-se no viver enquanto pessoa! Pessoas mudam, coisas não! Seja, decida ser feliz, para que o ano seja um ano novo; do contrário, será apenas "mais do mesmo"

E lembre-se, a felicidade só vale a pena, quando compartilhada...

TE DESEJO FELICIDADE, PARA QUE SEU ANO SEJA NOVO... FELIZ, (por isso) ANO NOVO!